sábado, 9 de setembro de 2017

ACM Neto frequentava o ‘bunker’ do Geddel?


Por Altamiro Borges

Na manhã desta sexta-feira (8), a Polícia Federal prendeu o ex-ministro Geddel Vieira Lima (PMDB), um dos principais chefões do golpe dos corruptos que alçou ao poder a quadrilha de Michel Temer. A decisão foi tomada após a confirmação de que as suas digitais foram encontradas no “bunker” em Salvador que escondia R$ 51 milhões em dinheiro vivo. O falso moralista, que esbravejava pela “ética” nas marchas pelo impeachment de Dilma Rousseff, foi levado da capital baiana para Brasília e será trancafiado no presídio da Papuda. Além dele, também foi preso Gustavo Ferraz, ex-assessor de Geddel Vieira e homem de confiança do demo ACM Neto, que atualmente ocupa o cargo de diretor da Defesa Civil na prefeitura de Salvador.

As prisões fazem parte de mais uma fase da Operação Cui Bono, que investiga o desvio de recursos da Caixa Econômica Federal, da qual Geddel Vieira foi vice-presidente. Na terça-feira (5), a Polícia Federal encontrou, durante a chamada operação Tesouro Perdido, malas e caixas de dinheiro que totalizaram mais de R$ 51 milhões. Na ocasião, a PF ainda cumpriu um mandado de busca e apreensão na casa de Marluce Quadros Vieira Lima, mãe do picareta. Assustada, ela reagiu: “O meu filho não é bandido, é doente”. Diante do flagrante, alguns veículos da mídia chapa-branca até tentaram aliviar a barra do líder golpista, apresentando-o como “suposto” dono da grana encontrada no apartamento utilizado como “bunker”.

A situação se complicou quando o proprietário do imóvel, o empresário Sílvio Antônio Cabral da Silveira, confirmou que havia emprestado o imóvel ao ex-ministro peemedebista. Em depoimento prestado nesta semana, ele informou que o apartamento foi solicitado sob alegação de que Geddel Vieira pretendia guardar no local os pertences do pai, o ex-deputado federal Afrísio Vieira Lima, morto no ano passado. Ele também disse à polícia que Geddel Vieira seria um velho “conhecido” e que, por isso, não houve contrato de aluguel. “O empréstimo teria sido no fio do bigode", relatou o superintendente da PF na Bahia, Daniel Madruga. O comparsa ainda afirmou não saber que o imóvel estava sendo usado para guardar caixas e malas com dinheiro.

Cadê as imagens das câmeras de segurança do prédio?

O depoimento, porém, não convenceu. O empresário é um dos responsáveis pela empreiteira Silveira Empreendimentos, com forte atuação em Salvador. A empresa participou da construção do Residencial José da Silva Azi, prédio onde foi encontrado o dinheiro. Sua esposa, Ana Vitória Silveira, é uma das sócias do empreendimento. O casal também já foi alvo de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) que apurou desvio de grana da Ebal, a estatal baiana responsável pela rede de supermercados Cesta do Povo. Sílvio Silveira responde a uma ação penal e a uma ação civil por sua ligação com o esquema de corrupção. A Silveira Empreendimentos ainda firmou um contrato com o Ministério da Integração Nacional, na época em que era chefiado pelo peemedebista. Ou seja: eles não são meros “conhecidos”.

As prisões de Geddel Vieira e de Gustavo Ferraz também complicam a vida do prefeito ACM Neto, que adora posar de vestal da ética. A Polícia Federal requisitou as imagens das câmeras de segurança do edifício e promete divulgar quem frequentava o bunker. “Levantamentos estão sendo feitos para tentar identificar quem eram as pessoas que acessavam o apartamento”, prometeu o superintendente da PF, Daniel Madruga. Gustavo Ferraz era homem de confiança do demo; já o “boca de jacaré”, como é conhecido Geddel Vieira, era um dos principais aliados do prefeito do DEM. Até agora o falante ACM Neto está em constrangedor silêncio. Mais sujeira pode vir à tona. A conferir

Nenhum comentário: